O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou no final da noite deste domingo (1) a morte de Osama Bin Laden, líder do grupo extremista islâmico Al-Qaeda e organizador dos atentados terroristas às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001. Caçado desde então pelas forças americanas, Bin Laden foi morto durante operação da CIA, a principal agência de inteligência dos EUA, em uma região montanhosa do Paquistão, próxima à fronteira com o Afeganistão. O corpo do líder da Al-Qaeda, de 54 ano, está em poder das forças americanas.
"A Justiça foi feita", declarou Obama. Conforme descreveu, não houve agentes americanos nem civis paquistaneses feridos durante a operação. "Eles o mataram, e estão em posse de seu corpo."
Obama informou que, ao assumir a Presidência dos EUA, determinou ao então diretor da CIA, Leon Panetta, tratar como sua principal prioridade a tarefa de "matar ou capturar" Bin Laden. Embora tenha destacado agora ser possível "respirar aliviado", advertiu ser ainda missão dos EUA eliminar a Al-Qaeda. "Nós não toleraremos ameaças a nossa segurança nacional nem a nossos aliados. Não há dúvidas que a Al-Qaeda continuará a nos atacar", afirmou. "Quero deixar claro, como o fez o presidente George W. Bush, que a Guerra ao Terror não é contra o Islã. A Al-Qaeda é um destruidor em massa de muçulmanos."
O presidente americano fez questão de agradecer a cooperação das forças paquistanesas, considerada essencial para o sucesso da operação de caça a Bin Laden. Conforme relatou, manteve uma conversa com o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, antes de seu anúncio.
A Casa Branca avisou que Obama faria uma declaração à Nação sobre uma "questão de segurança nacional" por volta das 22 horas de domingo (23h, horário de Brasília). Seu discurso estava previsto para meia hora depois. Autoridades preveniram os jornalistas credenciados para "voltar ao trabalho". Pouco depois os principais meios americanos antecipavam a razão, sem mais detalhes. Uma pequena multidão se reuniu em frente aos jardins da Casa Branca, cantando o hino americano, para celebrar a notícia antes mesmo do anúncio de Obama, às 23h30 (0h30, no horário de Brasília).
Bin Laden estava nas listas dos dez principais terroristas procurados pelo FBI antes de 2001, em função dos atentados contra embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, na África. O ataque aos Estados Unidos, há quase dez anos, foi o primeiro desde o bombardeio japonês a Pearl Harbour, no Hawai, em 1941. A operação de 11 de setembro de 2001 envolveu o seqüestro de quatro aviões comerciais, lançados contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e a sede do Pentágono, em Arlington. O número de mortos chegou a 2.974, além dos 19 sequestradores.
A resposta do então governo de George W. Bush marcou o início da Guerra ao Terror, que continua em curso. Aliado à Al-Qaeda, o regime do Taliban, no Afeganistão, foi deposto. Operações militares e de inteligência prenderam e mataram líderes e seguidores dos grupos extremistas islâmicos que deram cobertura a Bin Laden e a sua organização. O terrorista de origem saudita negou ter liderado o ataque aos EUA até 2004, quando admitiu sua responsabilidade e informou ter-se inspirado no ataque de Israel a torres de Beirute durante a Guerra do Líbano, em 1982.
Bin Laden nasceu na Arábia Saudita
Bin Laden nasceu na Arábia Saudita em 1957, em uma família de mais de 50 irmãos. Ele era filho do magnata da construção Mohamed bin Laden. Seu primeiro casamento foi com uma prima síria aos 17 anos. Acredita-se que ele tenha tido 23 filhos com ao menos cinco esposas.
Bin Laden utilizou sua fortuna para financiar o Jihad (guerra santa) contra os soviéticos e depois contra os americanos. Em 1973, entrou em contato com grupos islamitas. Após a invasão soviética do Afeganistão em 1979, viajou para este país para combater os invasores com o apoio da CIA, a Agência Central de Inteligência americana. Sua organização, Al-Qaeda ("A Base"), foi fundada em 1988, ou seja um ano antes da retirada soviética do Afeganistão.
Em 1989 voltou à Arábia Saudita. Após o estouro da guerra do Golfo em 1991, ele criticou a família real por ter autorizado o desdobramento de soldados americanos em território saudita, o que o fez ser declarado persona non grata no país.
Instalou-se então no Sudão, onde os serviços americanos de inteligência o acusaram de financiar campos de treinamento de terroristas. Em 1994, foi definitivamente privado da nacionalidade saudita.
Em 1996 o Sudão, submetido à pressões americanas e da ONU, pediu a Bin Laden que fosse embora do país. Ele foi então para o Afeganistão, onde fez funcionar uma dezena de campos de treinamento e lançou apelos contra os Estados Unidos.
A ação mais espetacular que lhe foi atribuída antes do dia 11 de setembro foi um ataque contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia, no dia 7 de agosto de 1998, que causou 224 mortos e milhares de feridos.
Em 1999, ele foi incluído na lista da Birô Federal de Investigações americano (FBI) entre as dez pessoas mais procuradas do mundo.
Bin Laden também foi acusado de ter ordenado o ataque contra o navio americano "USS Cole" no Iêmen, que fez 17 mortos em outubro de 2000.
Os Estados Unidos, que o acusam de ter planejado desde o Afeganistão os ataques suicidas de Nova York, Washington e Pensilvânia do dia 11 de setembro, deram início a uma perseguição depois de, em 23 de setembro, as autoridades americanas ofereceram 25 milhões de dólares por qualquer informação que permitisse capturá-lo.
Financiado pelos Estados Unidos, ele lutou ao lado de rebeldes contra tropas soviéticas no Afeganistão nos anos 80, o que acabou levando à criação da Al-Qaeda.
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