Quase mil funcionários e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) estão sendo investigados pelo Ministério Público Estadual (MP) por suspeita de terem recebido salário sem dar expediente na sede do Legislativo, no período entre 2003 e 2010. São cerca de 130 inquéritos que apuram a situação de possíveis servidores fantasmas dentro da Assembleia. Atualmente, a Casa tem 1.558 funcionários, entre servidores efetivos e comissionados (de livre nomeação).
Funcionários de pelo menos seis deputados estaduais estão no alvo da investigação – dentre eles, servidores do gabinete do atual presidente da Assembleia, o deputado Valdir Rossoni (PSDB). Até o atual diretor-financeiro da Casa, Sérgio Brun, que já trabalhou no gabinete de Rossoni, está no rol dos investigados.
Também estão sendo investigados alguns funcionários dos deputados Reni Pereira (PSB), atual segundo-secretário da Assembleia; Nereu Moura (PMDB), que foi primeiro-secretário de 2003 a 2006; e do deputado Luiz Eduardo Cheida (PMDB). Além deles, são investigados todos os servidores do gabinete da presidência na gestão do ex-presidente da Alep Nelson Justus (DEM) e todos que passaram pelo gabinete da primeira-secretaria entre os anos de 2003 e 2010 – envolvendo a gestão dos deputados peemedebistas Nereu Moura e Alexandre Curi.
A Gazeta do Povo apurou que só pela primeira-secretaria passaram nesse período 527 pessoas. Os promotores pretendem ouvir todos eles. São cerca de 300 em Curitiba e mais de 200 interior do Paraná. Até no estado do Rio de Janeiro deve ser ouvido um ex-funcionário da Assembleia do Paraná. Já pelo gabinete da presidência, durante a gestão de Justus, passaram mais de 200 servidores. Entre os investigados estão parentes de membros do Poder Judiciário do estado.
O inquérito que investiga o gabinete do ex-presidente Nelson Justus é o único até o momento que apura possíveis crimes envolvendo os funcionários – os demais procedimentos de investigação foram abertos na área cível. Mas, se no decorrer da investigação os promotores se depararem com indícios de crime, um inquérito criminal será aberto.
Para cada uma das denúncias de supostas irregularidades, os promotores abriram um procedimento investigatório. Além de tomar o depoimento dos quase mil funcionários e ex-servidores, a reportagem apurou que os promotores estão cruzando dados, por exemplo, com o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Por esse sistema é possível identificar se os investigados detinham outro vínculo empregatício além da Assembleia.
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