terça-feira, 29 de março de 2011

O que o curitibano espera do futuro

A maioria dos curitibanos considera boa ou ótima a qualidade de vida que tem em Curitiba e, mesmo se pudesse, não trocaria a cidade por nenhum outro lugar. Este é o resultado de um levantamento do instituto Paraná Pesquisas com 525 moradores feito a pedido da Gazeta do Povo. Apesar da admiração, principalmente pela área verde existente na cidade, a maioria das pessoas sabe que a capital precisa melhorar em vários segmentos.
Para 39% dos entrevistados, o que mais incomoda em Curitiba é a violência e o tráfico de drogas. A taxa de homicídios a cada 100 mil habitantes da cidade é a sexta mais elevada entre as capitais brasileiras, de acordo com o Mapa da Vio­lência, feito pelo Ministério da Justiça e pelo Instituto Sangari, com índices de 2008. Curitiba registra 56,5 homicídios a cada 100 mil habitantes.
No levantamento do Paraná Pesquisas, os moradores apontaram o que esperam para o futuro em cada área. Para o combate à violência, 29% sugerem mais policiamento ostensivo. Para o trânsito, 33% pediram ônibus menos lotados. Com relação à educação, 19% querem mais vagas em creches, e 32% mais hospitais, postos e médicos na área da saúde.
Análise
O resultado apontou mudanças na percepção da po­pulação, segundo especialistas. “O que mais chama a atenção é a questão do transporte coletivo. Uma década atrás, este seria considerado o ponto mais positivo. No entanto, foi apontado como um problema”, conta o diretor do Pa­­raná Pesquisas, Murilo Hidalgo de Oliveira. Outro ponto que chamou a atenção de Oliveira foi o número de pessoas que trocariam Curitiba por outra cidade. “Pouco mais de 30% dos entrevistados afirmaram isso. É um número que eu considero alto para uma cidade que se diz modelo.”
De acordo com o professor do mestrado e doutorado em Gestão Urbana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Carlos Hardt a concepção do sistema de transporte coletivo de Curitiba ainda é tida como referência internacional, mas precisa ser aprimorada. “Os investimentos dos últimos anos trataram muito pouco da qualidade do serviço porque priorizaram a capacidade. O aumento da demanda tornou o sistema ineficiente em alguns momentos.”
O que o curitibano mais aprova na cidade são os parques e a área verde. Com um dos maiores índices de área verde do país – 52,5 metros quadrados por habitante – e 19 parques públicos, Curitiba tem uma peculiaridade, de acordo com Hardt. “As pessoas abraçaram essa intervenção da prefeitura e realmente fazem uso das áreas verdes. Em muitas cidades são feitos grandes investimentos em parques e as pessoas não compram a ideia.”
Segundo o sociólogo Ricardo Cos­­ta de Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná, a imagem da capital é muito ligada ao transporte coletivo e ao meio ambiente, mas isso começa a mu­­dar. “Existe um marketing forte para esses dois pontos, mas a pes­quisa mostra que parte da população não tem uma imagem positiva do transporte coletivo.”

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