quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Quadrilha fez centenas de vítimas na região

Uma quadrilha de Guarapuava, que se passava por ‘caças talentos’ de atletas de futebol, fez em Campo Mourão e região centenas de vítimas. O golpe só foi descoberto ontem à noite, por volta das 20 horas, quando os inscritos compareceram a um hotel, no centro da cidade, a uma reunião que discutiria detalhes da seletiva. Os prejuízos ainda são incalculáveis. 


Três integrantes do grupo foram presos. A polícia apreendeu também um notebook e vários panfletos que seriam distribuídos pela cidade. Inúmeras pessoas compareceram à delegacia para registrar queixa.
Segundo a chefe da delegacia da Mulher e delegada operacional de investigações contra o tráfico de drogas em Campo Mourão, Maria Nysa Moreira Nany, a quadrilha convocava adolescentes e crianças para fazer testes com a promessa de que eles participariam de clubes de futebol. “Eles [os estelionatários] diziam que fariam uma seleção para que as crianças ficassem com o sonho de jogar no clube. Mas na verdade não passa de uma enganação para tirarem dinheiro dos pais”, explica.
De acordo com a polícia, a quadrilha já havia agido também em Paranavaí no início desta semana. Este tipo de golpe, segundo Maria Nysa, já foi aplicado em Curitiba e Foz do Iguaçu, fazendo inúmeras vítimas. Ela afirma que a princípio, a empresa não existe. “Há uma pessoa que foi identificada como proprietário da empresa. Mas precisamos confirmar se sua identidade é verdadeira”, ressalta.
Conforme a delegada, a quadrilha agia da seguinte forma. Eram entregues rifas às crianças para que elas vendessem os bilhetes. Na verdade seria uma propaganda da seleção para que outras pessoas assistissem. Elas só participariam com todas as rifas vendidas. Caso contrário, eram automaticamente excluídas da seleção, obrigando assim os pais a pagarem o valor total dos bilhetes para o filho participar. “A partir de então sempre surgia algum tipo de procedimento para pagar várias situações, como viagens, por exemplo, para a pessoa participar da seletiva”, ressalta Maria Nysa.
A delegada alerta a população para não cair em golpes como este. “As pessoas precisam ficar atentas porque os clubes não cobram para este tipo de seleção. Eles procuram as crianças nas atividades que elas já desenvolvem, por exemplo, em outros clubes de recreação em que ela já participa de algum time”, explica, acrescentando que os estelionatários agem de várias maneiras na sociedade sendo assim necessário todo cuidado para não se tornar vítima.
A princípio, a inscrição para a seletiva era uma lata ou pacote de leite em pó.  O produto era entregue em pontos, ou seja, em empresas da cidade. De acordo com o superintendente da 16ª Subdivisão Policial de Campo Mourão, Claudinei Pereira Capillas, a polícia investigará se os proprietários destes estabelecimentos sabiam que se tratava de um golpe ou se foram lesados também. A polícia ainda não sabe quantos pontos de entrega do produto havia na cidade.
Vítimas lamentam golpe
Além da entrega do leite em pó, algumas pessoas já haviam também pagado uma quantia em dinheiro pelas inscrições. Neste caso o prejuízo foi muito maior. A auxiliar de açougue, Carla Lopes de Veiga, de 29 anos chegou a pedir demissão no trabalho apenas para pagar a inscrição do filho de 13 anos com o dinheiro do acerto. Carla teve um prejuízo de R$ 390 e o rombo só não foi maior porque ela descobriu em tempo que se tratava de um golpe.
A auxiliar de açougue revelou que tinha ainda mais cinco parcelas de R$ 290 para pagar. “O prejuízo ia ser muito maior”, diz decepcionada. Carla afirma que não desconfiou de nada por causa dos procedimentos todos feitos sistematicamente. “Era tudo muito perfeito”, lamenta.
Quem também caiu na farsa, foi o músico Adriano Polle, de 36 anos. Ele veio a Campo Mourão com dois sobrinhos e um primo de Campina da Lagoa, cerca de 100 quilômetros, somente para participar da reunião. “Dei apenas as três latas de leite em pó. Sorte que não tirei dinheiro do bolso”, diz aliviado. O músico dormirá em um hotel e voltará somente hoje à sua cidade. Ele se diz decepcionado.
O garoto Leandro Mateus Vieira, de 15 anos, viu os sonhos de se tornar astro do futebol desaparecer em um estalar de dedos. Ela afirma que estava feliz com a seleção e até já fazia planos para o futuro. “Preenchi vários formulários e os contratos com a maior alegria. É uma decepção muito grande saber que tudo não passava de um golpe”, comentou chateado.

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